A abertura de estradas no Paraná está vinculada à história da ocupação e do povoamento do território brasileiro, iniciada no século XVI. Dos caminhos indígenas e coloniais, terrestres e marítimos, aos primeiros planejamentos privadose públicos voltados a criar condições de comunicações a garantir a unidade geopolítica do imenso espaço redescoberto pelos europeus, foi um longo progresso.
Nessa época, a economia paranaense baseada principalmente na produção e comercialização da erva-mate, madeira e pecuária, tinha como principais meios de comunicação as ferrovias e as estradas carroçáveis. Essas vias constituíam uma forma de atender à circulação de riquezas, já que o governo não apresentava condições de investir no prolongamento das vias férreas. As estradas de rodagem, ligando as zonas mais povoadas e as zonas produtoras às estradas ferroviárias, passavam por Guarapuava, Palmeira, Lapa, Bocaiúva do Sul, Jacarezinho, Colônia Mineira e Vila do Piraí.
Desde 1900 as terras ocupadas do norte do Estado, por falta de vias de comunicação, mantinham estreito comércio com São Paulo, em detrimento da capital e do desenvolvimento do comércio paranaense.
A partir de 1913, são reconstruídas estradas e realizados os primeiros estudos de traçado na região norte do Estado.
Na década de 1920, o processo de construção de estradas era bastante precário. A construção era manual, feita com pá, picareta, broca, marrão. A única máquina disponível era o rolo compressor a vapor. O transporte do material escavado era feito em galeota, tracionada por muares.
Ainda assim o traçado foi realizado. A viagem entre as duas cidades, que levava 27 horas pela via férrea, foi encurtada para nove horas de automóvel pela nova estrada.
Essa estrada foi a primeira a ser construída para passagem de automóveis e caminhões. Hoje conhecida como Estrada da Ribeira, é parte integrante da Rodovia Getúlio Vargas, que faz a ligação Rio de Janeiro-São Paulo-Curitiba-Lages –Porto Alegre.
A estrada Paranaguá–Praia de Leste apresentava, a partir do Km 8, leito duplo – 6,5m para veículos motorizados e 4,5m para veículos de tração animal. Em 1930, foram concluídos os estudos definitivos e iniciou-se o serviço de desmatamento do novo traçado e reconstrução da antiga estrada Paranaguá-Alexandra, a qual, de acordo com o plano estabelecido, passaria a servir como nova estrada. A estrada Morretes-Paranaguá, que entre os anos de 1930 a 1932 teve seus serviços parcialmente paralisados, em 1933 encontrava-se em fase de conclusão.
Mas, a principal obra da década de 1930, foi a Estrada do Cerne atual PR-090, que na época foi considerada como “a maior rodovia que se construiu no Paraná em todos os tempos, servindo a uma das zonas mais ricas e de intensa produção do Paraná e do país”. A rodovia parte de Curitiba em sentido noroeste, atravessa os três planaltos e alcança o norte do Estado do Paraná, nas barrancas do rio Paranapanema, como ligação daquela região ao Porto de Paranaguá. O objetivo dessa estrada era proporcionar o fluxo da produção cafeeira, facilitando o acesso direto do norte do Estado ao Porto de Paranaguá. Passa pelas cidades de Curitiba, Campo Magro, Cerne, Morrinhos, Murtinho, com bifurcação para Jaguariaíva, Cachoeirinha e Cambará.
A Estrada do Cerne reduziu pela metade a extensão e o tempo de viagem, macadamizada, cortou diversos rios e serras. A execução da obra que demandou vários anos, foi concluída em 1940, e durante vinte anos constituiu o principal corredor de escoamento da produção cafeeira do norte do Estado, que a partir daí exportaria prioritariamente pelo Porto de Paranaguá.
Nesse período, foi também revestido de paralelepípedos um quilômetro da estrada Curitiba–Antonina no trecho da serra do mar, em continuação do trecho já revestido de macadame betuminoso.
Paralelamente a essa estrada, o Exército realizou a ligação inter-estadual entre Curitiba-Joinville, que dispunha de uma obra inicial de apenas 15 quilômetros. Como a estrada de Curitiba–São José dos Pinhais já estava macadamizada, fez-se a ligação entre São José dos Pinhais–Joinville.
Em 1941 o Ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra extingue o Batalhão Rodoviário, delegando ao Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER a função de construir estradas. Mesmo assim, o exército colaborou na construção da ligação entre Ponta Grossa–Foz do Iguaçu. A obra que fez parte do Programa “Marcha para o Oeste” teve, entre 1941-1943 liberados ao tráfego os 60 quilômetros iniciais entre Ponta Grossa -Imbituva, e se tornaria os primeiros passos da Rodovia BR-277.
Em 1960, a rede de conservação de estradas no Paraná, contava com 8 mil quilômetros, sendo 181 Km revestidos em asfalto, 24 Km com paralelepípedos, 619 Km com macadame, 1.970 Km com saibro e 3.516 Km em leito natural. A rede municipal atingia 39 mil quilômetros.
A obra que causou grande impacto, na década de 1960 foi a Rodovia do Café. A principal meta do período era pavimentar o trecho Ponta Grossa-Apucarana. Até então, a ligação entre norte e sul do Estado se fazia pela antiga Estrada do Cerne, uma estrada cheia de curvas, estreita e sem pavimentação.
Como parte das comemorações de inauguração da Rodovia do Café, realizaram-se várias atividades, dentre elas, uma prova automobilística com a participação de pilotos de todo o país e do exterior, em que se assinalou a presença de duas corredoras no grid de largada. O trajeto foi de ida e volta de Curitiba a Apucarana.
A inauguração da Estrada das Praias - PR-407 em 1966, foi a coqueluche dos paranaenses, totalmente asfaltada entre a BR-277 e o Porto de Passagem (atual Caiobá), no terminal do Ferry-Boat. A BR-277, trecho Curitiba-Paranaguá, difere seu traçado de tantas outras que tenham sido até hoje planejados. Vence os confrontos da serra, bem ao sul da estrada de ferro evitando os principais acidentes, e atingindo as proximidades do rio Sagrado, afluente do Nhundiaquara quase ligado a antiga estrada calçada, obra rudimental de engenharia ainda do Império.
Em 1968, recebeu pavimentação asfáltica a PR-11, hoje PR-151 que liga Ponta Grossa– Itararé na divisa com São Paulo. Essa obra era importante tanto em função do escoamento da produção agrícola do norte pioneiro e dos Campos Gerais para a região Sudeste do país, quanto porque aliviava, em certa medida, a saturação do tráfego na BR-116 na ligação do Paraná com São Paulo. Prosseguiu no Paraná, durante os anos 60 e 70, a pavimentação da malha rodoviária. Na primeira metade da década de 70, entre estradas de ligação federal e estadual, foram pavimentados cerca de 600 Km.
Em 1991 o governo do Estado enfatizou a necessidade de manter programas de conservação rodoviária concomitante às ações voltadas para a melhoria da segurança no trânsito e da sinalização rodoviária.
A rede rodoviária do Paraná, estruturada em três níveis distintos, federal, estadual e municipal, possuia, em 1994, uma extensão de aproximadamente 261,3 mil quilômetros. Desse total, 243,6 mil quilômetros se refere às rodovias municipais, 12,4 mil quilômetros às rodovias estaduais e 3,3 mil quilômetros às federais.
A grande expansão do rodoviarismo do Paraná ocorreu até os anos 80, com pesados investimentos e programas na área de construção. O Estado ampliou sua malha pavimentada cerca de 3.000 Km em 1986.
Hoje a Malha Rodoviária do Estado do Paraná conta com um total de 15.818,18 Km de rodovias, sendo 2.310,37 Km de rodovias não pavimentadas, 13.507,81 Km de rodovias pavimentadas.
Se no passado era fundamental interligar as regiões do estado com abertura de caminhos e estradas, atualmente é necessário garantir a conservação desse patrimônio, investindo na construção de estradas vicinais e ligações importantes entre núcleos urbanos, mantendo em bom estado as já existentes.
Departamento de Estradas de Rodagem - DER